sexta-feira, 4 de julho de 2014

Parto: a minha escolha

Bom, ainda no assunto parto, vou contar um pouco de como foi a minha escolha.
Acho que a minha vida inteira, quando me perguntavam que tipo de parto eu gostaria de ter, eu sempre respondi sem sombra de duvidas que seria por cesarea. Muito facil de responder quando isso ainda é apenas uma resposta hipotetica na sua vida, mas quando a escolha se torna real, tudo fica muito mais dificil.
Quando comecei realmente a pensar a respeito, muita coisa me passou pela cabeça, a dor do trabalho de parto, o medo da cirurgia, o pos-parto, em ambos os casos, etc... Mas, tinha algo que pulsava mais forte, escondido dentro do meu peito, um medo misturado ao desejo de um parto normal.
Aquela vontade de tentar, de descobrir o quão forte eu teria que ser, de sentir o meu bebe vir ao mundo através do meu esforço.
Comecei, então, a buscar um local onde eu me sentisse segura e confortável em realizar o parto normal. Mas, eu tinha um problema, nessa época eu estava morando em uma cidadezinha sem muitos recursos, e muito longe da minha família e eu queria ter o bebê perto das pessoas que eu amo. Isso, sozinho, já seria um problema. Quando eu estava nas ultimas semanas de gestação, fiquei muito edemaciada e fui afastada de meu trabalho pelo meu obstetra, e voltei para ficar na cidade dos meus pais, enquanto meu marido ficou na outra cidadezinha. Estávamos separados por cerca de 800km a poucos dias do bebe nascer. Era realmente um momento decisivo, se eu resolvesse esperar entrar em trabalho de parto, meu marido, muito provavelmente perderia o nascimento do bebe, se eu optasse por um cesárea eletiva,  meu marido poderia ser liberado e vir acompanhar o parto. Dá pra imaginar o que eu escolhi, não é mesmo?
Fui eu para a cesárea eletiva. Com a sorte de ter entrado em trabalho de parto na noite que antecedeu a data da cesárea.
Mesmo com medo, mesmo achando que tudo poderia ser de outro jeito, eu tinha meu marido, meu companheiro de 15anos juntos, ao meu lado. Naquele momento, a escolha valeu a pena.
E como que se para me mostrar que essa havia sido realmente a escolha correta, quando romperam a bolsa, o liquido amniótico estava meconial, ou seja, o bebê já estava em sofrimento, já estava passando da hora de nascer, se eu tivesse deixado o parto normal evoluir, não dá para saber se tudo teria dado tão certo para o meu bebê, como deu, com o parto cesárea.
Para reforçar o que eu disse no post anterior, meu parto cesárea foi exatamente como eu contei, com pessoas que o retiraram com o esforço e a delicadeza necessários para o momento, com a sala aquecida, com os paninhos que o envolviam também aquecidos, levado ao bercinho aquecido, gentilmente aspirado, porque havia mecônio e isso era muito recomendado, limpo e trazido para mim, pelo pai,  para que eu pudesse tocá-lo, sim, tocá-lo, porque minhas mãos estavam soltas, e já iniciou a amamentação ali mesmo, me olhando e se sentindo amado e seguro.
Não chorou nenhuma vez, apenas me olhou, o tempo todo.
Então, quando a cesárea acabou e eu precisaria ir para a recuperação anestésica, ele já estava no período de sonolência do pós parto, e foi dormir no bercinho aquecido do berçário, onde toda a família pode ver seu primeiro banho, também em um ambiente controlado, quentinho e protegido. Colocou a roupinha que eu havia escolhido e ficou esperando a mamãe se recuperar, indo assim que eu fui para o quarto, se encontrar comigo, onde permanecemos juntinhos.
E assim, meu bebê veio ao mundo não apenas como eu havia escolhido, mas como foi necessário, para que ele viesse saudável, e eu e ele estivéssemos rodeados da nossa família. Sem neuras.


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